Sábado, 30 de Abril de 2005
Definitivamente, Bento XVI, não tem o carisma do seu antecessor. Mas, como
já o disse aqui, poderá vir a ser uma surpresa. É inteligente, e as sucessivas referências afectivas, que faz ao saudoso João Paulo II, acrescenta-lhe simpatia. Parece determinado em apostar na Paz, no Ecumenismo e no diálogo com os jovens, futuro da Igreja. Fala-nos, essencialmente, do «Pescador de homens» e no «Pastor» que zela pelo seu rebanho.
A sua inteligência e humildade poderão reverter a favor da Igreja.
A Igreja tem de ser humana, criativa e Universal. Nunca foi fácil, apelidar-se de Cristão. «Não tenhais medo. Escancarai as vossas portas a Cristo», era a frase chave de João Paulo II, agora lembradas pelo actual papa. As perseguições continuam no séc. XXI, tão ferozes como no tempo de Cristo. Perguntamo-nos porquê?
Quinta-feira, 21 de Abril de 2005
Parece não ser fácil a tarefa deste novo papa. Papa de compromisso e transição. Mas, apesar da controvérsia gerada por ser considerado um conservador, há desde já um sinal positivo: a mensagem de congratulação enviada pela Rússia. E, não esqueçamos, Ratzinger participou, com abertura, no Concilio Vaticano II.
A Teoria da Moral é um dos pontos chaves. O uso do preservativo, os anticoncepcionais, e, acima de tudo, a não participação dos divorciados na Eucaristia, (cada vez em maior numero), afastam os católicos da Igreja.
Ora, sendo as crianças, o futuro dessa dita Igreja, e, dependendo dos pais os seus ensinamentos e adesão à missa e eucaristia, não faz qualquer sentido, estes sentirem-se rejeitados e não terem acesso à comunhão, em caso de divórcio. O problema dos divorciados, é um dos mais maiores e mais graves da Igreja que deveria merecer da sua parte especial atenção.
Insisto, na verdade básica: as crianças são o futuro; é pois, necessário e urgente que a Igreja se adapte aos novos tempos com inteligência e moderação. Para um católico ir à missa e não comungar, é sentir-se excluído, e isso torna-se altamente causticante. As divergências surgem cada vez mais entre os padres, e os cristãos vivem quase na base da sua consciência, tais são as divergências de ideias. Urge clarificar e simplificar. Há que acreditar, não no Deus das «rebaldarias», mas no Deus omnipresente do Perdão e do Amor. Só assim a vida no Espírito tem sentido. Aguardemos novos Caminhos e não esqueçamos que Deus escreve muitas vezes por linhas tortas.
Quinta-feira, 7 de Abril de 2005
Há centenas de fotografias espectaculares tiradas ao papa, mas uma das sua ultimas, à janela de Pedro, com uma pomba branca esvoaçante, é símbolo inegável do Espirito e da Paz. Em plena convalescença e já muito doente, o papa olha-a quase como uma criança, sorrindo.
É de uma rara beleza esta imagem, pela sua simplicidade. E é, precisamente na «simplicidade» e «cumplicidade», que está o fascínio e carisma do papa.
É impressionante esta onda de fiéis de todas as etnias, que permanecem horas a fio, em filas intermináveis, num imenso cansaço, para o verem apenas por escassos segundos.
Algo de muito forte e imparável, faz com que muitos continuem a querer partir, todos os dias, para estarem presentes na ultima homenagem a quem tanto se deu ao mundo. Mundo civilizacional que mostra ter «sede» deste banho de espiritualidade, deste rastro de Luz deixado pelo papa.
A Fé e coragem inabaláveis de João Paulo II, marcaram definitivamente o mundo, e comovem. Já muitissimo doente e com enorme dificuldade em deslocar-se, continuou intrépido a percorrer fronteiras, tendo-se aguardado com alguma esperança a sua hipotética vinda em Maio ao nosso país.
Na sua ultima aparição percebemos, porém, que nos estava prestes a dizer «Adeus», naquele acto desesperado de querer comunicar sem conseguir.
Chegou ao fim a sua Caminhada.Cumpriu prodigiosamente a sua Missão. Abriu de par em par as portas a Cristo, abraçando o calvário e a cruz.
Ao atleta e «papa peregrino»: foi-lhe retirado o andar. Ao grande comunicador: foi-lhe pedida a voz. A sua entrega na aceitação do sofrimento foi total, à semelhança de Cristo.
A partida de João Paulo II deixa um vazio imenso. Falta-nos a sua voz, a sua coragem, e o carinho absoluto que punha em cada gesto ou contacto humano.
Partiu. Mas continuará conosco para sempre nos nossos corações.Continuará conosco, eternamente, no iluminar dos Caminhos da Humanidade.
Sábado, 2 de Abril de 2005
Neste momento de partida para a Eternidade e de grande solenidade, só uma palavra:
- Silêncio.